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Inovação Tecnológica

O futuro da inovação tecnológica nas empresas e organizações

18 de maio de 2023

No contexto da inovação aberta, diferentes atores cumprem papel essencial em modo colaborativo e com ampla sinergia, visando alavancar projetos baseados em visões de mercado, mas fundamentalmente com amplo uso de tecnologias e possíveis novos modelos de negócio. 

No que tange aos aspectos tecnológicos, os Institutos de Pesquisa (ICT’s) têm papel preponderante quando se apresentam desafios apenas transponíveis com soluções intensivas em tecnologias, que certamente serão os diferenciais dos possíveis futuros empreendimentos/startups de base tecnológica que irão ocupar lugar de destaque para investimentos e escalabilidade. 

Cada vez mais, as empresas estão apostando em ecossistemas virtuosos (entre para o ecossistema TechStart clicando aqui), através de processos estruturados de conexão em ambientes de inovação aberta. Portanto, acaba sendo fundamental que os ICT’s compreendam sua relevância e tenham uma forte visão de mercado e de negócio, visando ter retornos expressivos dos robustos investimentos públicos e privados que circundam este tema.  

Por conta da importância deste tema que, durante o TechStart Summit, realizado em 16.11.2022, foi provocado um debate extremamente maduro e pragmático em um encontro entre Institutos de Pesquisa. A conversa reuniu lideranças de diferentes ICTs para discutir como as instituições podem ampliar suas entregas de inovação tecnológica e empreendimentos intensivos em conhecimento (DeepTechs).  

Pontos de reflexão

Para isso, a discussão foi mediada por Wilson Araújo, Diretor da consultoria Syglia – Science for Business, contando com representantes do ITAL, Embrapa, Ânima Hub, PUC-Campinas, Unicamp, Instituto Venturus, CPqD, dentre outras referências do ecossistema.  

No decorrer da dinâmica, Wilson trouxe informações para refletir a presença do Brasil e seu posicionamento global tecnológico e inovador, incluindo os dados:

  • Breve introdução sobre as tendências de gestão em agências globais de fomento.
  • No Soft Power 30, nos recortes educação e digital, Brasil se encontra na 25ª posição em ambas áreas
  • Brasil está na 54ª posição do ranking global no Global Innovation Index, subindo 3 posições desde 2021;
  • Das 2500 empresas mais inovadoras do mundo (EU Industrial R&D Investment Score Board – 2021), apenas 5 são brasileiras. São elas: Petrobrás, Embraer, WEG, TOTVS e Braskem;
  • Empresas com capacidade em Open Innovation – prospecção de tecnologia e gestão de rede de colaboração são 7x mais efetivas em gerar retorno para seu portfólio de P&D (Booz&Company);
  • No Brasil, artigos publicados coautoria ICTs (alunos, pesquisadores, etc) & Empresas (profissionais de P&D) representam aproximadamente 2% do total no país (Elsevier, SciVal).

Um dos pontos apontados por Claire Sarantopoulos, Diretora de Ciência e Tecnologia, no ITAL, foi o receio que a organização teve ao ser convidada para participar do primeiro TechStart Food Innovation, programa de Aceleração de Startups e Projetos na área de ingredientes, alimentos, embalagens e bebidas, em co-realização com a aceleradora Venture Hub, na época. A apreensão se deu ao fato do instituto à época não estar ainda familiarizado ou inserido em um ecossistema aberto (confira o blog ecossistemas de inovação como agentes colaboradores) de inovação, nem tampouco com as dinâmicas e relações com startups, numa visão mais ampla do negócio, visto que o ITAL trabalhava muito mais com foco nos aspectos tecnológicos, mesmo já tendo projetos com pequenas, médias e grandes empresas. 

Depois de um ciclo de aprendizado com TechStart FoodInnovation, o ITAL buscou expandir sua atuação para muito além da tecnologia, também colocando no cenário dos projetos os aspectos de negócio, mercado e governança e, fundamentalmente, tendo muito aprendizado através da relação com startups de base tecnológica. Assim, após ter participado dessa experiência e de ter criado relações com startups, o instituto estabeleceu parcerias e oportunidades para além de negócios pautados ” apenas ” em tecnologias, mas numa visão mais holística e pragmática de mercado.

Obstáculos percebidos e iniciativas para superá-los

O comentário inicial trouxe, além da experiência adquirida, insights em relação a outros entraves identificados por demais instituições. Dentre os obstáculos apontados pelos participantes do encontro, estão: 

  • A necessidade de potencializar a cultura de gestão de projetos nas ICTs. 
  • Demanda por melhorias no processo decisório apoiada em melhores práticas de gestão de projetos: agilidade e melhor alocação de recursos e ajustes de rotas rumo a entregáveis tecnológicos.
  • Experiências turbulentas, não bem-sucedidas, com gestores externos à academia (choque de cultura – dinâmica institucional) – exemplo de tentativa frustrada com executivo de inovação com visão empresarial à frente de escritório de inovação de uma das ICTs.
  • Contexto Institucional, recursos humanos: Necessidade de propulsores de carreira, métricas voltadas para inovação tecnológica, que incentivem professores e pesquisadores a ter maior interação com a indústria. 

Os convidados também levantaram a ausência do elemento gestão e liderança na capacitação de acadêmicos apontados para liderança de grandes projetos. De acordo com eles, os docentes e pesquisadores não são ensinados a interagir com elo empresarial e indicaram que sentem falta de capacitação com viés de gestão para melhor interação. É necessário que os vindouros líderes desenvolvam habilidades para que possam atuar na interface com a indústria. Uma sugestão para resolver essa situação foi encontrar na academia indivíduos que trabalharam em esforços fora do Brasil, pois suas experiências poderiam colaborar para o processo de mudança na dinâmica institucional. No entanto, encontrar esses perfis não é tarefa fácil. 

Além disso, os representantes questionaram o perfil das lideranças de grandes projetos (ex. > R$ 10 milhões) que objetivam entregas tecnológicas. Usualmente, são apontados pesquisadores de indiscutível competência em suas áreas, porém com limitada habilidade de gestão e liderança, em alguns casos, não em tempo integral. Enfatizou-se que a governança administrativa é conhecida e praticada, por outro lado há necessidade de maior aderência dos entregáveis tecnológicos ao escopo aprovado. 

A necessidade de mudança de mentalidade no processo de formação da próxima geração de mestres e doutores para lidar com inovação tecnológica foi levantada no debate. Um olhar voltado para os desafios globais, solução de problemas e maior empregabilidade. 

Um ponto ressaltado pelos convidados do encontro foi o encaminhamento do modelo de negócios das ICTs para um cenário mais realista. A produção científica está dando base para o empreendedorismo, com pesquisas deixando de atender apenas o mercado nacional. Entretanto, para que esse cenário seja totalmente favorável, é preciso que haja diálogo da pesquisa acadêmica com o mercado em busca da inovação.

Ao serem questionados se os ICTs estão utilizando sua relevância institucional de forma draconiana no momento de discutir propriedade intelectual com startups, vários dos representantes disseram que mecanismos estão sendo implementados e melhorados para apoiar o sucesso das startups. Há acolhimento nas discussões para escolha de estratégias para os projetos. 

Para finalizar, podemos concluir que, mesmo com desafios ligados à cultura e governança, há uma clara evolução na maturidade dos ICT’s para serem atores dignos de protagonismo nos ecossistemas de inovação aberta e empreendedorismo de base tecnológica. No entanto ainda há um árduo percurso para melhorar o uso do seu inteiro potencial, através de ações efetivas na capacitação das lideranças de P&D em modelos de governança pautados por resultados muito além dos tecnológicos, habilidades de negociação, gestão de pessoas, técnicas contemporâneas de negociação de propriedade intelectual e, fundamentalmente, maior aceitação do intraempreendedorismo como fator de incentivo à startups tidas como “deeptechs”. 

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Autores :  Wilson Araújo  – Syglia – Science for Business,

                  José Eduardo Azarite – Venture Hub

Revisão: Marcus Miklos – Venture Hub

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